The Hundred Line – Last Defense Academy é uma experiência imperdível para fãs de RPG tático e visual novels

Será que essa mistura entre RPG tático e visual novel pode alcançar a defesa perfeita?
Poucos jogos parecem ter sido feitos tão sob medida para mim quanto The Hundred Line – Last Defense Academy. Reunindo dois nomes lendários das visual novels cult — Kazutaka Kodaka, criador de Danganronpa, e Kotaro Uchikoshi, mente por trás de Zero Escape —, o jogo já tinha minha atenção desde o anúncio. E, como se isso não bastasse, adicionaram uma jogabilidade baseada em RPG tático, um dos meus gêneros favoritos. Com expectativas tão altas, confesso que estava apreensivo. Será que o jogo conseguiria corresponder ao que parecia ser meu projeto dos sonhos? Para minha alegria, The Hundred Line não apenas entregou, como superou as expectativas, oferecendo uma narrativa envolvente e uma das jogabilidades táticas mais divertidas que experimentei nos últimos tempos.
A história se passa em um mundo alternativo, onde os protagonistas vivem em um local pacífico conhecido como Complexo Residencial de Tóquio — uma cidade coberta e protegida por abrigos. Takumi, o protagonista, leva uma vida comum até que o local é atacado por criaturas surreais e não humanas. A partir daí, Takumi desenvolve poderes especiais e é recrutado para a Last Defense Academy, onde se junta a outros estudantes com a missão de proteger a escola durante 100 dias contra esses inimigos. E claro, como era de se esperar com Kodaka e Uchikoshi no comando, a trama está repleta de reviravoltas e surpresas que tornam tudo ainda mais intrigante.
O tom de The Hundred Line remete muito mais a Danganronpa do que a Zero Escape, especialmente no início. Os personagens foram criados por Kodaka, e o design visual é assinado por Rui Komatsuzaki — o mesmo responsável pelos visuais marcantes de Danganronpa. No entanto, à medida que a história avança, a influência de Uchikoshi começa a se destacar, trazendo questionamentos mais profundos e complexidade narrativa.
Uma das grandes alegrias do jogo é poder acompanhar um elenco amplo de personagens criados por Kodaka por mais tempo. Em Danganronpa, a estrutura de “jogo da morte” fazia com que os personagens fossem eliminados rapidamente, o que limitava o tempo de convivência com eles. Já em The Hundred Line, mesmo com perigos reais rondando a trama, não há essa pressão constante de sobrevivência. Isso permite que o jogador se aproxime mais dos personagens e aproveite melhor suas histórias e interações.
Entre os destaques do elenco, estão Kurara — uma garota rica e esnobe que usa uma máscara de tomate o tempo todo —, Nozomi — uma jovem doce e gentil, idêntica à amiga de infância de Takumi —, e Takemaru — um delinquente que, ironicamente, tem o coração mais bondoso do grupo. Se o estilo de escrita exagerado de Kodaka não é do seu agrado, talvez esse jogo não mude sua opinião. Mas, para quem curte elencos excêntricos e carismáticos como os de Danganronpa, The Hundred Line traz um dos melhores grupos de personagens já apresentados por Kodaka — e isso não é pouca coisa.
Mesmo que muitos personagens pareçam caricatos à primeira vista, o roteiro bem trabalhado e o desenvolvimento emocional transformam essas figuras em pessoas cativantes e complexas. É uma jornada com muito a oferecer — seja pela história, pela ação estratégica ou pelos laços que se formam ao longo dos 100 dias de defesa. Para fãs do gênero, é uma experiência que merece atenção.